Vida sem carro: entenda as vantagens dessa tendência moderna
Em 1914, Henry Ford iniciou a produção em massa de automóveis em sua fábrica e mudou nossa relação com os espaços que ocupamos. Os carros passaram a ser o principal veículo de locomoção pelas cidades, passeando pelas grandes ruas e avenidas que surgiram para acompanhar o cada vez maior número de motoristas. Eles eram mais rápidos e confortáveis do que qualquer outro meio de transporte da época e elevavam o status de quem os possuía.
Durante o restante do século XX, os carros foram incontestavelmente os reis da cidade. No entanto, mais de 100 anos se passaram e o mundo mudou muito. As cidades se tornaram organismos ainda mais complexos e novos fatores, que outrora não eram levados em conta, surgiram e passaram a pôr em xeque a soberania dos carros.
Em primeiro lugar, a presença constante de carros no século XX causou diversos impactos negativos no cotidiano das cidades. Aspectos perceptíveis para qualquer morador de uma grande metrópole, como a baixa qualidade do ar e a poluição sonora, são em grande parte causados pelo uso massivo dos veículos.
Além disso, a velocidade e a praticidade que eles traziam no passado são agora um fator bastante contestável. O trânsito consequente da quantidade de automóveis nas ruas torna as viagens cada vez mais lentas e estressantes. Segundo o Relatório de Emissão Veiculares da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) são mais de 7 milhões de veículos só na região da capital paulista, o que cria tráfegos intensos em diversos pontos da cidade.
Fator ambiental
Além de todos esses motivos, a crise ambiental vivida em nosso planeta também fez com que muitas pessoas repensassem o uso dos carros.
O relatório da Cetesb apontou que os carros são responsáveis pela emissão de 72,6% dos gases do efeito estufa em São Paulo. O número é ainda mais preocupante quando levamos em consideração que os veículos são responsáveis pelo transporte de apenas 30% da população da cidade.
Estresse
Segundo pesquisa realizada para a Escola do Parlamento de São Paulo, 88% da população da cidade declara sofrer com o estresse. Dentro desse número, 10,9% declarou o trânsito como o maior responsável pelo problema.
O desgaste mental de ficar preso durante horas em um carro, somado às situações de riscos associadas à sua locomoção, geram uma sensação de impotência, que causa estresse e ansiedade.
Sem o devido cuidado, um quadro aparentemente simples de estresse pode se tornar um distúrbio patológico, podendo até gerar depressão e síndrome do pânico.
Além dos danos mentais, o estresse também pode gerar problemas físicos, desenvolvendo doenças que afetam pele, cabeça, estômago, intestino, pâncreas e até o coração.
O problema físico mais comumente relacionado ao estresse no trânsito, no entanto, é a cefaleia, a famosa dor de cabeça.
Segundo estudo do Ministério de Educação e Pesquisa da Alemanha, em parceria com o Hospital da Universidade Duisburg – Essen, pessoas com estresse sofrem uma quantidade 6,3% maiores de dias do mês com dor de cabeça.
De acordo com a Dra. Sarah H. Schamm, coordenadora da pesquisa, esses resultados comprovam que uma vida estressante é fator crucial no início de cefaleias e, além disso, pode acelerar a progressão para uma cefaleia crônica.
Economia de tempo
O tempo gasto nos carros também impacta negativamente o bem-estar subjetivo dos motoristas. Segundo levantamento do IBOPE, os paulistanos passam, em média, o equivalente a 45 dias por ano presos no trânsito. Ou seja, anualmente, o morador da capital gasta cerca de 1 mês e meio atrás do volante.
Por dia, são 1 hora e 36 minutos no trânsito, tempo que poderia estar sendo utilizado para leitura, atividades físicas, convivência com amigos e família ou mesmo para descansar: a locomoção de carro se tornou um buraco vida do paulistano, impedindo uma rotina mais saudável e equilibrada.
Dinheiro gasto
Os carros também se tornaram um peso no bolso de seus usuários. Segundo informações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do combustível no Brasil no primeiro mês de 2021 foi de 4,565 por litro. Ou seja, um tanque cheio custa cerca de R$ 460 para o motorista brasileiro.
Gastos com manutenção, seguro, estacionamento e impostos são fatores que também tornaram o veículo uma desvantagem financeira. Além disso, os carros são um investimento ruim, já que sofrem com a depreciação, ou seja, a perda de valor constante a partir do momento da compra.
Com base em um carro popular avaliado em R$ 40 mil, podemos calcular o gasto mensal de um veículo:
- Depreciação: R$ 660 (Valor de mercado do veículo dividido por 5, para encontrar a desvalorização anual, e dividido por 12, para a perda mensal);
- Combustível: R$ 330 (rodando 20 km por dia, 30 dias do mês; combustível a R$ 5,50 e consumo de 10 km/L.
- Garagem/estacionamento no trabalho: R$ 250;
- Vaga na residência: R$ 400 (Considerando 20% de um financiamento de R$ 2 mil mensais, visto que uma vaga custa, em média, 20% do valor do imóvel);
- Seguro: R$ 250 (considerando um seguro anual de R$ 3 mil, contando os juros do parcelamento);
- IPVA: R$ 100 (considerando um percentual de 3% do valor do carro; a taxa real varia de estado para estado);
- Manutenção: R$ 100 (contando apenas a revisão básica)
No total, o custo mensal de manter um carro é de R$ 2.100. Nesse cálculo, não foram considerados os custos de eventuais multas de trânsito, nem de imprevistos que exijam manutenção.
Alternativas
As opções para substituírem os carros no transporte cotidiano são cada vez mais diversas. A mais tradicional são os transportes públicos, como os ônibus, trens e metrôs. Com o aumento da quantidade de estações e linhas, é possível se locomover pela cidade de maneira rápida e barata.
Outra opção são as bicicletas. Saudáveis e sustentáveis, as bikes estão ganhando cada vez mais espaço no ambiente urbano, com o aumento de ciclofaixas e ciclovias, serviços de aluguel de bicicletas e empreendimentos com bicicletários, projetados para estimular esse tipo de locomoção pela cidade.
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